Grande Elenco. Grande História. Grande Direção. Grande Filme.
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FILHOS DA ESPERANÇA
(Children of Men; EUA, 2006)
Dir.:Alfonso Cuarón
Com Clive Owen, Julianne Moore, Chiwetel Ejiofor, Michael Caine
1h42 min - Drama
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É engraçado analisar algumas das diferentes versões de um futuro pessimista que o cinema já apresentou. Desde os filmes de ficção científica dos anos 60/70 (incluindo Planeta dos Macacos, Fuga do Século 23, O Dia em Que a Terra Parou...) os filmes que se passam há alguns anos na nossa frente costumam a mostrar um planeta descuidado, ou uma população enlouquecida. Geralmente rendem filmes na média das expectativas, porém, poucos deles se tornam memoráveis. É preciso um roteiro enxuto apoiado em uma causa nobre (geralmente ligado a algum tom político). Em 2006, quase nos acréscimos, um cineasta mexicano, uma história poderosa e alguns astros do primeiro escalão americano deram o exemplo de um bom filme futurista.
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E se daqui há 12 anos (2020, no filme), as mulheres do planeta não conseguissem mais engravidar? Como que a população aceitaria o fato de estarem enfrentando a extinção. A cidade é Londres. O último humano a nascer se torna uma celebridade e choca a população quando é assassinado. O governo local estabelece uma política contra imigrantes, devido ao grande número de nações menores que entraram em colapso e tiveram seus cidadãos se mudando para nações com melhor condições de vida. A população entra em choque e um forte sentimento nacionalista toma conta dos ingleses os dividindo entre pro e contra imigração. A capital inglesa sofre com atentados e muita violência. Mas eis que um grupo de pró-imigrantes, descobre que uma mulher está grávida. A líder Julian (Julianne Moore) aciona seu ex-marido Theo Faron (Clive Owen em uma de suas melhores performances), que não tem qualquer tipo de ligação com grupos extremistas, para que possa leva-la para fora da tumultuada cidade e para que assim, a criança possa crescer protegida.
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"Para de atirar, que o bebê tá dormindo..."
Um filme tenso até o último fio de cabelo, cortesia de uma direção perfeita e atuações brilhantes. A história coesa dá base para um dos filmes mais surpreendentes e chocantes dos últimos anos. O clima apocalíptico, os cenários destruídos e toda a direção de arte do filme auxiliam o espectador a mergulhar no pânico de seus personagens. O diretor Alfonso Cuarón (do filme "E sua mãe também") utiliza-se de uma câmera quase documental para aumentar a tensão e colocar o público junto ao grupo fugitivo. É impossível não prender a atenção e passar por aquele clima pessimista. Não buscamos respostas, apenas a salvação. Uma experiência muito forte (como há muito não víamos no cinema), não pela quantidade de violência (em doses consideráveis aqui), ou pelo grafismo que muitos filmes apelam. Forte no sentido psicológico de ver uma sociedade em colapso e demonstrada de forma visceral. Um verdadeiro soco no estômago. Mas a gratificante sensação de experienciar cinema puro.
.(Nota 9,5)
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Trailer:
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