terça-feira, 24 de junho de 2008

Até o Fim

O Cinema Britânico (quase) tomou a festa do Oscar´ 98 de surpresa com uma das comédias mais brilhantes dos últimos anos.

OU TUDO OU NADA
(The Full Monty; ING, 1997)
Dir.: Peter Cattaneo
Com Robert Carslyle, Tom Wilkinson, Mark Addy
1h31 Min - Comédia


O cinema inglês é mesmo um ponto muito curioso dentro da sétima arte, principalmente quando falamos sobre público no Brasil. Não é todo mundo (infelizmente), que pode colocar os olhos em filmes como "Snatch - Porcos e Diamantes" (em breve nesta seção) ou "O Barato de Grace". Filmes 100% britânicos, com temas simples, porém abordados de formas surpreendentes. É o caso deste filmaço de 1997, apropriadamente entitulado (aqui no Brasil) de "Ou Tudo ou Nada".
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O tema abordado aqui é Desemprego. Começa com Gaz, malandro de uma pequena cidade da Inglaterra, que entra em colapso após o fechamento de uma grande fábrica metalurgica. Desesperado, Gaz procura seus amigos na mesma condição com uma proposta curiosa: Organizarem um grupo de striptease para tentar sair do buraco. Porém, eles são velhos, fora de forma e nem um pouco atraentes, o que faz Gaz propor a verdadeiro truque: Eles ficarão completamente nus ao fim da apresentação. O que parecia uma brincadeira, ganha proporções maiores, quando são divulgados na cidade pelo boca-a-boca e conseguem vender todos os ingressos da casa para a noite de apresentação.
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A melhor coisa do filme é como os personagens lidam entre si. As inseguranças em relação ao pudor, à moral familiar e aos seus próprios preconceitos. Humor sutil e de primeira qualidade brindam o espectador por uma hora e meia (que parecem ser muito menos que isso) com situações embaraçosas, porém críveis do ponto de vista do homem comum. Curiosidade: A cena derradeira do filme, o strip-tease propriamente dito teve de ser filmado de uma só vez, a pedido dos atores envolvidos. Um filme que poderia utilizar de recursos apelativos e grotescos, mas que optou ser fino e discreto como a personalidade inglesa pede. Conquistou a crítica mundial e rendeu 4 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, diretor e roteiro. Venceu na outra categoria, a de trilha sonora.
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(Nota 9,5)

Personagem X História

Sem muito alarde, o comediante Will Ferrell entrega uma atuação surpreendente em um filme que passou despercebido pelos cinemas brasileiros.
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MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO
(Stranger Than Fiction; EUA, 2006)
Dir.: Marc Forster
Com Will Ferrell, Maggie Gyllenhall, Dustin Hoffman, Emma Thompson.
1h53 Min - Drama/Comédia
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Will Ferrell, para quem não conhece (e se for o caso, comece pelo filme desta resenha), é um ator que não é tão reconhecido no Brasil, mas é ídolo nos EUA. Mas você já viu ele em um filme. Fez pequenas pontas em filmes como "Penetras - Bons de Bico" (o cara que "pegava" mulheres nos enterros) e o bandido bissexual de "Starsky & Hutch". Apesar da excentricidade dos papéis, Ferrell sempre marcou o filme com gags hilariantes. Protagonizou outros como "O Âncora", e "Ricky Bobby" e comandou o show. Mas no meio de tanta barulheira e histeria, Ferrell dedicou um tempo para demonstrar um lado mais serio, que lhe rendeu algumas indicações e fortemente cotado a um Oscar.
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Ferrell interpreta Harold Crick. Um agente fiscal que tem uma vida extremamente regrada e monótona. Quando começa a ouvir vozes. E aos poucos, descobrimos que as vozes na verdade, saem de uma narradora e que Crick é o personagem principal. A virada se dá quando Crick se apaixona e pouco depois a voz lhe diz que sua morte é iminente. O personagem parte em uma viagem de auto-conhecimento e procurar aproveitar a vida antes que seu tempo acabe.
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Este filme é a típica pérola que você pode encontrar em meio a tanto barulho que os grandes filmes produzem. Atuações brilhantes, que incluem Dustin Hoffman, como um professor de literatura, Emma Thompson como a escritora (e dona da voz misteriosa) e até Queen Latifah, são conduzidas por um roteiro bizarro e surpreendente e por um diretor seguro. Os efeitos especiais (sem palavras para descrevê-los) são sutis e essenciais para que possamos entender o mundo de Harold. Uma pedida um pouco mais "cult", para um dia em que estiver a fim de menos barulheira e mais cinema. Imperdível.
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(Nota 9,0)
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Trailer:

domingo, 22 de junho de 2008